mardi 24 juin 2008

O engenheiro embriagado.

painting by Judi Bagnato






Depois de longos, confusos, frustrantes, árduos, mutantes, áridos, e verdadeiramente penosos anos dentro da escola de engenharia, eu me formei. Eu não consigo esquecer as promessas de outros tempos. Faria ritual de queima de livros de cálculo e equações diferencias. Compraria foguetes e os soltaria nas janelas do prédio da faculdade. Deitaria no corredor e gritaria até perder a voz. Beberia todo o álcool que meu corpo pudesse agüentar. Todas as promessas pra quando o dia chegasse. O dia chegou. Não, não vou cumprir as promessas. Vou comemorar comigo mesmo, na intimidade da minha insanidade.


1h e uma garrafa de Saint Emilion mais tarde...


Duas taças na mesa, uma de água, uma de vinho. John Coltrane no ouvido. Noite morna. Que mais alguém precisa?O vinho, a única prova material que Deus existe. Não, não acredito em Deus. Acredito no vinho. Vinho, eu te amo.


Como o silêncio, como a solidão, o vinho me ajuda a enxergar com nitidez o espelho opaco que me reflete. O vinho, diferente de qualquer entorpecente, tem gosto de êxtase.


Agora Louis Armstrong canta “Hello Dolly!”. Talvez seja melhor ir dormir, antes que algo estrague meu dia bom. Seguindo as instruções de um bom amigo: “calma, com uma garrafa de vinho nada de mal pode te acontecer”, permaneço.


Lúcido, porém embriago, eu permaneço. E escrevo. Eu perdi o aniversário do meu blog, mas sei que já faz mais de ano. Hoje eu tive que calcular minha idade. Já foi feito, já lembrei. Lembrei também de um poema lindo do Quitão (Mario Quintana para os não-próximos): (estranho, abri o livro justamente da página):


Das Utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!”




Poema sai mais fácil que texto. Poema não é texto. Texto é tosco. Voilà:


Eu só busco
Achar não me convém
Buscar me basta
Ao fim o meu desdém

Se há o final da linha
Tirem-me da rota
Mintam-me o caminho
A verdade não me importa

By me.

OBS: A lebre que cruza a linha é a lebre morta.

4 commentaires:

Rafael a dit…

Meus parabéns, meu caro, pela formatura.
Uma coisa é verdade. Quando ficamos velhos, notamos que é apenas a nos mesmos que devemos a culpa de nossos fracassos, e o sucesso de nossas conquistas.
Nada mais natural então que você comemore sozinho.

Parabéns.

Unknown a dit…

Ah sim, vc é uma lebre morta!

Fábio Biolchini a dit…

Quem seria Nelson por gentileza?

Unknown a dit…

te digo que vc é uma lebre morta, pois cruzou a linha. E em ultimo, diga-se de passagem, morta e embriagada de vinho