Este texto é um trecho de um diário que escrevi enquanto morava na França. Achei nos fundos do meu computador. Estava sentado no TGV indo de Châtellerault a Paris. Tinha sido um dia cheio de despedidas.
Não sei o porquê, mas resolvi publicar. Cada dia o blog me deixa mais pelado. Talvez seja minha vontade de me despir.
Não sei o porquê, mas resolvi publicar. Cada dia o blog me deixa mais pelado. Talvez seja minha vontade de me despir.
"Hoje minha temporada no interior da França acabou. Hoje eu disse muito « au revoir ». Hoje um pedaço de mim ficou em Châtellerault. Chorei. Choraram. É, foi de verdade mesmo, eu senti igual gente grande. Saudades, alegria, tristeza, dor, paz. Ninguém me avisou que a gente podia sentir isso tudo junto.
Breve chega o fim da minha temporada européia.
Coleciono pedacinhos de gente. Pedacinhos que vêm de Compiègne, de Châtellerault, do Recife, de Curitiba, de Dresden, de Londres. Não sei o que fazer com essa torre de Babel interna. Talvez eu não deva fazer nada. Possuí-la e pronto.
Hoje eu tenho consciência que a França me encheu com alguma coisa. O que é essa coisa eu vou demorar pra descobrir o nome, talvez nunca. Só sei que essa « coisa » é positiva, sofrida. É ópio auto produzido.
Um dia eu ainda morro de saudades."
Breve chega o fim da minha temporada européia.
Coleciono pedacinhos de gente. Pedacinhos que vêm de Compiègne, de Châtellerault, do Recife, de Curitiba, de Dresden, de Londres. Não sei o que fazer com essa torre de Babel interna. Talvez eu não deva fazer nada. Possuí-la e pronto.
Hoje eu tenho consciência que a França me encheu com alguma coisa. O que é essa coisa eu vou demorar pra descobrir o nome, talvez nunca. Só sei que essa « coisa » é positiva, sofrida. É ópio auto produzido.
Um dia eu ainda morro de saudades."
Chatêllerault-Paris . 27/07/07 . 20h
8 commentaires:
lindo e ao mesmo tempo triste...
essa "coisa" é boa... inesquecivel e inexplicavel... igual à "onda", so sabe quem passou
bju
Lindo! Nunca tive uma despedida assim que em fizesse sentir dessa maneira, mas sempre pensei nas despedidas como o fim de uma boa ou má etapa, que teve tempo suficiente para se tornar inesquecível, e que o começo de uma nova etapa!
Primo, vc escreve muito bem!
Bjo!
Não há como não sentir isso quando sabemos que a despedida é, de fato, eterna.
pois e. se ha algo que possa transformar os cotidianos, é o amor, ou a falta dele!
:*
atualizar nunca?
Sobre a vontade de se despir...
Drummond tem uns versos lindos nos quais ele diz que seu coração é menor do que o mundo e nele não cabem nem as dores dele... Por isso ele gosta tanto de se contar, se despir, de gritar, freqüentar os jornais e se expor cruamente nas livrarias, e completa: preciso de todos.
Blogueiros são assim?? Um coração pequeno, onde não cabem nem as suas dores, por isso se contam, gritam, “blogam”??... Precisam de todos??
(L)
Publicar textos é como pedir cafuné no colo da mãe.
Eu me conforto na dor comum, que é ao mesmo tempo minha e de todos.
:P
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