mercredi 20 février 2008

Parabéns doutor!


Vá lá, me dê o parabéns, é meu aniversário. Muito obrigado.
Eu já me cansei de falar isso, mas nunca entendi verdadeirmente a lógica da comemoração dos aniversários. Eu nasci no dia 20 de fevereiro de 1981. No Hospital São Lucas, na cidade de Belo Horizonte. 9 meses antes disso eu era uma criatura microscópica junto de outros bilhões de camaradas espermatozóides tentando chegar ao tão almejado óvulo. Ok, talvez eu seja um grande campeão por ter vencidos meus bilhões de potencias irmãozinhos. Mas quem neste planeta Terra não foi? O nerd mais looser do mundo também foi um grande vencedor na maratona espermatozóica. Tanto quanto Frank Sinatra. Mas quiçá várias trapaças sujas foram maquiavelisadas pra se conseguir fecundar. Talvez tenhamos sidos espermas corruptos e sem escrúpulos... vá saber. (Neste caso embrionário pode ser que os fins justifiquem os meios).
Enfim, não deve ser então por este motivo que pessoas me dão os parabéns todo santo dia 20 de fevereiro.
Tão pouco eu tenho méritos por ter nascido no dia 20 de fevereiro. Na fase “feto” da minha vida não tinham me ensinado o tal calendário ainda. Na verdade eu só nasci porque o dr. Oswaldo resolver me tirar do ninho da minha mãe neste dia, eu não tenho nada a ver com isso. De fato, se pudesse eu estaria no quentinho até hoje. Talvez eu devesse ligar para o dr. Oswaldo hoje e felicitá-lo por ter competentemente colocado mais um saco de pele e osso no mundo. Se o referido estivesse ainda vivo, quem sabe eu não colocaria uma transferência de chamadas do meu telefone para o dele todo dia 20 de fevereiro, desta forma o “parabéns” seria destinado à pessoa merecida.
Eu não me tornei uma ano mais velho do dia 19 pro dia 20 de fevereiro. Eu me tornei mais velho dia após dia ao longo do ano, e a virada do dia 19 para o dia 20 só tem 1/365 de culpa na minha aproximação da terceira idade. Sejamos justos.
De toda forma, é ótimo receber os parabéns, mesmo que você não tenha feito nada para merecê-lo.
O que me soa razoável como lógica de surgimento do chamado “aniversário” é que tínhamos que escolher uma data para celebrarmos a existência de um indivíduo. Foi então que alguém disse: “já sei, a data de nascimento é conveniente”. Este infeliz não sabia as conseqüências de sua sugestão. Quantas namoradas, esposas, noivas, amantes e c&a já não lascaram seus respectivos parceiros por esquecerem seus aniversários? Não são poucas. Sem esquecer das bodas, jubileus e todas as datas espalhadas no ano que devemos lembrar caso não quisermos ser envenenados no jantar.
Eu sugiro que todos os aniversários do mundo sejam alocados numa mesma data comum, assim como Natal, réveillon e afins. No dia 15 de abril, por exemplo, todo mundo faz aniversário! Ou melhor, todo segundo sábado de abril, assim eliminamos o risco do temido “aniversário na segunda-feira”. Todos se presenteiam, fazem churrascos, bebem cerveja e vinho. A economia se movimentaria de forma extraordinária, afinal todas as pessoas do mundo sem excessão seriam presenteadas. Além destes benefícios, extigüiríamos as injúrias das esposas, os desleixos dos pais ausentes e esquecidos, as desculpas de última hora e tantos outros incovenientes que uma memória fraca pode trazer.
Por isso, na minha ilha, no segundo sábado de abril todo mundo fica mais velho. E na data do seu nascimento, se quiser ligar pra alguém, que ligue pro seu ginecologista/parteira responsável.

OBS:

A wikipédia informa:
Para os antigos romanos Tácita era a deusa do silêncio e da virtude. Ela protege contra os perigos da inveja e das palavras maliciosas que carregam considerável energia negativa.
Os romanos consagravam a essa deusa o dia 20 de fevereiro.
Obtido em "
http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1cita"

Por simpatia e afinidade com Tácita, me calo.
ERRATA: Acabo de descobrir que o nome do médico que me pôs no mundo é dr. Geraldo, não Oswaldo.

vendredi 8 février 2008

Falando em despedida...


Este texto é um trecho de um diário que escrevi enquanto morava na França. Achei nos fundos do meu computador. Estava sentado no TGV indo de Châtellerault a Paris. Tinha sido um dia cheio de despedidas.
Não sei o porquê, mas resolvi publicar. Cada dia o blog me deixa mais pelado. Talvez seja minha vontade de me despir.


"Hoje minha temporada no interior da França acabou. Hoje eu disse muito « au revoir ». Hoje um pedaço de mim ficou em Châtellerault. Chorei. Choraram. É, foi de verdade mesmo, eu senti igual gente grande. Saudades, alegria, tristeza, dor, paz. Ninguém me avisou que a gente podia sentir isso tudo junto.

Breve chega o fim da minha temporada européia.
Coleciono pedacinhos de gente. Pedacinhos que vêm de Compiègne, de Châtellerault, do Recife, de Curitiba, de Dresden, de Londres. Não sei o que fazer com essa torre de Babel interna. Talvez eu não deva fazer nada. Possuí-la e pronto.
Hoje eu tenho consciência que a França me encheu com alguma coisa. O que é essa coisa eu vou demorar pra descobrir o nome, talvez nunca. Só sei que essa « coisa » é positiva, sofrida. É ópio auto produzido.
Um dia eu ainda morro de saudades."



Chatêllerault-Paris . 27/07/07 . 20h

jeudi 7 février 2008

Ela, a Despedida


photo by Celitchas





Você chega assim denovo
Abre alas na sexta
Mascarada de Reencontro

Escondendo a verdadeira face
Na última fila do bloco
Do desencontro

E por ser um menino
Viro amante
acredito mais uma vez
No teu disfarce elegante

Me entrelaço contigo
Esqueço do antigo
Na troça que sobe ladeira
Sou seu melhor amigo

Porém, por sadismo natural
não há bem sem mal,
nem quarta de cinzas
Sem carnaval

Daí me aparece ela
Sem fantasia, despida
A invejosa e insistente
Despedida

Me saturei de você
Despedida
Deixe-me sonhar sozinho
Me iludir de ausência sua
na minha vida

Mas já que é
pra estar sempre lá
Que volte tarde,
diga que não volta já

Como um veneno de serpente
Você me faz
Obrigatoriamente

Me despedir assim
Usando você
Pra te ter longe de mim
by me