mercredi 13 juin 2007

Eu não te amo.




- Não, eu não te amo. Isso é uma ofensa à nossa história. -


Seria como dizer : « adorei esta refeição, parece um Big Mac. »
Eu odeio massificação, padronização e rotulação. Parece que só existe dois estados quando estamos com alguém. Antes e depois do « eu te amo ».
Como pode ser tão simplista essa diferenciação !
Cada pessoa tem uma história, uma maneira de pensar, um gosto musical, sues traumas, seus prazeres. Como podemos desprezar a complexidade de cada pessoa? Como podemos precisar tão digitalmente o estado em que sentimos as coisas? Ou eu eu te amo ou não. É como o número um e o zero booleanos. Ou é, ou nao é.
Não gosto que me digam como devo me sentir. Já ouvi muitas frases da natureza : « se você pensa sempre na pessoa, se sentes saudades é porque está amando ».
Faça o que quiser, mas não classifique o que eu sinto. Afinal nem eu sei.


- Eu sinto uma mistura de saudades, alegria, vazio, euforia, sonho, conforto , desespero e mais muitas outras coisas que não escreveram ainda no dicionário. Se querem chamar de amor, que chamem, mas é simplista e incompleto. A única coisa que eu sei é que no meu peito chacoalha um cocktail de emoções único, só meu, só nosso -


Toda essa padronização me irrita muito. Muito. Assim como odeio dança coreografada, Gugu Liberato, dia dos namorados e piadas machistas. Big Macs também. Todos os últimos são uma tentativa de padronização, de massificação ; Como se todos fôssemos iguais e com uma quantidade de sentimentos padronizadas. E se o que eu sinto for algo que ninguém nunca sentiu ? Quem sabe o que o outro sente ?
Esse ensaio de aniquilar toda originalidade do indivíduo é uma tragédia. Há tanta beleza e horror em cada pessoa. Cada pessoa é uma peça de teatro, com suas tragédias e comédias.
No dicionário, no lugar da palavra « amor » deveriam existir linhas em branco. Cada um completaria com sua própria definição. Afinal definir o amor “comum” não faz nenhum sentido. Pelo menos pra mim não.

Essa mania do ser humano de traçar fronteiras é tão virtual quanto a linha do Equador. Minha bússula não funciona, o norte e o sul se misturam. O oceano Atlântico e Pacífico se misturam, não há linhas que os separam.

- O caos que existe dentro de mim tem um filho, ele se chama paz. É tudo o que eu sei. –


- Só tenho certeza de que sinto, simples como deve ser. E que no meu Aurélio o seu nome está escrito em algum lugar entre as linhas em branco .-
O dicionário continua pequeno pro nosso infinito interior.

vendredi 8 juin 2007

Minha modesta definição de saudade. / Ma modeste définition de saudade.


en portugais...

Já li e escutei muitas definições de saudade, algumas conseguiram chegar perto ( Carlos Drummond de Andrade ), mas nunca me conveceram realmente.
Acho que é tão dificil de definí-la porque ela é por princípio, a definição daquilo que não está lá. Aquilo que te dá fome no peito. Aquele passo em falso numa escada, o apoio que pensávamos que estava lá, instinsitvamente. Mas que não está. Como descrever o vazio ? Como descrever o vácuo ?
A saudade pra mim é o vácuo, que deveria ser preenchido com algo que eu não sei. E esse « não sei » é que torna a saudade tão particular.
Um cego de nascença sente saudade do pôr-do-sol. Um surdo de nascença sente saudade do violão. Isso pra mim é saudade. É saber que existe algo extraordinário, mas que não temos a menor idéia do que é sentir este « algo ».
Sinto saudades de 5 anos atrás, quando eu não sabia o que sei hoje, e queria tê-lo sabido. Tenho saudades do agora, que poderia ser um momento pra lembrar pro leito de morte, mas que é apenas um espaço no tempo desperdiçado.
Tenho saudades do não saber, quando o saber não era importante. Tenho saudades da pessoa que eu não sou e nunca fui.
Tenho saudade das pessoas incríveis que nunca conheci e nunca vou conhecer. Saudades da música que eu nunca escutei. Saudades do prato que eu nunca comi. Saudades do lugar que eu nunca visitei. Tenho saudades dos amores que nunca tive e nunca vou ter.
Saudade é fome de espírito. É querer se alimentar sem saber que tem fome. É tomar uma gota d’água quando temos sede de uma garrafa inteira.
Saudade é um ponto de interrogação só, sem frase que o antecede.
E como se não bastasse o labirinto dessa palavra, eu sinto saudades de não saber que quando eu preenchia o « vácuo », eu não percebia que eu matava a fome.
Sou um cego que quando enxerga o pôr-do-sol, fecha os olhos. Um surdo que tampa os ouvidos ao escutar o som do violão.
Por isso a saudade vai estar sempre comigo. A saudade de quando eu não precisaria ter saudade.
… A saudades não é uma palavra, é um livro inteiro com páginas em branco…


en français...
J’ai déjà lu et écouté plusieurs définitions de saudades, quelques ont presque réussi (Carlos Drimmonde Andrade), mas elles ne m’ont jamais convaincu vraiment.
Je crois que c’est difficile de la définir, parce qu’elle est par principe la définition de ce qui n’est pas là. Ce qui nous fait avoir faim au cœur. Le pas false sur un escalier. Le soutien qu’on pensait qui était là, instinctivement. Mais il n’est pas là. Comment décrire le vide ? La saudade pour moi, c’est le vide, qui devrait être rempli avec je ne sais pas quoi. Et c’est ce « je ne sais pas quoi » qui fait la saudade tellement particulière. Un aveugle de naissance sent saudades du couché du soleil. Un sourd de naissance sent saudades du son d’une guitare. La saudades, c’est savoir qu’existe une chose extraordinaire, mais qu’on ne va jamais savoir comment sentir cette chose là.
Je sens saudades d’il y a 5 ans, quand je ne savais des choses que je sais aujourd’hui, et je voudrais l’avoir su. J’ai saudades de maintenat, quand ça pourrait être un moment que je pourrais me rappeler dans le jour de ma morte, mais qui c’est un espace de temps gaspillé comme beaucoup des autres.
Je sens de ne pas savoir, quand le savoir n’était pas important. J’ai saudades de la personne que je ne suis pas, et que je n’ai jamais été. J’ai saudades des gens extraordinaires que je n’ai jamais connu, et que je ne vais jamais connaitre. Saudades des musiques que je n’ai jamais entendues. Saudades des repas que je n’ai jamais goutés. Saudades des lieus que je ne suis jamais allé. J’ai saudades des amours que je n’ai jamais eu et que je ‘aurai jamais.
Sadades c’est la faim de l’âme. C’est vouloir se nourrir, sans savoir qu’on a faim. C’est boire une goutte d’eau, quand on a soif pour une bouteille entière.
Saudade est un point d’interrogation sans une phrase antécédente.
Comme si ça ne suiffait pas, le labyrinthe de ce mot, je sens saudades de quand je ne savais pas que je me nouais, que je rempliais le vide.
Je suis un aveugle qui ferme les yeux quand je vois le couché du soleil. Je suis un sourd qui ferme les oreilles quand j’écoute le son d’une guitare.
À cause de ça, la saudade va être toujours avec moi. La saudade de quand je n’avais pas besoin d’avoir saudades.
…… La saudades n’est pas un seul mot, c’est un livre entier avec les pages blaches….

jeudi 7 juin 2007

Formas de expressão.






Como todo bom idiota, eu gosto de pensar idiotices. Uma certa vez, indo ao jogo do Galo no mineirão, comecei a reparar na torcida e as coisas que fazia e cantava. Cantavam “GAALOOO, GAAALOOOO, GAAAALOOOO!!” (obviamente) e percebi que o faziam por dois motivos: porque amam o time e segundo porque sentem prazer, estao felizes de estarem ali, vão assistr o jogo de futebol que queriam, do time que gostam. E, por ser um idiota, comecei a imaginar coisas idiotas.
Comecei com a lasagna. Eu gosto de lasagna, adoro lasagna. Sinto um prazer imenso em comer lasagna, e fico super feliz quando vejo aquele prato lindo na minha frente. OK. Porque é que eu não salto da cadeira, tiro a camisa, começo a rodá-la e a gritar: “LASAAAAANGA, NHAAA NHAAA NHAAA NHAAAA”... ou, num momento de paixão, execrando o adversario: "EI SPAGUETTI, VAI TOMAR NO CU!!” ..... Não sei quanto tempo minha forma de expressar a alegria de estar ali em frente ao um prato de lasagna ia ser tolerada num restaurante. Eu gosto do Galo, gosto de lasagna, porque é que eu só grito quando eu vejo o Galo? Se formos pensar, seria um pouco estranho se fôssemos o tempo todo como as torcidas de futebol. Seria bizarro por exemplo um casal chegando num motel. Uma vez pelados, a situação se transformaria numa bavardia completa: o cara na janela soltando um rojão e gritando “BUCCCEEEETA, TA TA TA TA TA!!!!” e a menina pulando em cima da cama, rodando o sutiã berrando: “PINTO DOIIIIIIDO, DOI DOI DOI DOIDOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!

Seria estranho se pensarmos bem.